Chefe de direitos humanos da ONU diz que “nenhum país será poupado”; ele cobrou ação imediata e uso da tecnologia para impedir que vida no planeta se torne “irreconhecível”; secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pede que setor naval zere as emissões de gases poluentes até 2050.
O alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Turk, disse que o direito à alimentação está sendo “amplamente ameaçado pela mudança climática”.
Na sessão do Conselho de Direitos Humanos, desta segunda-feira, Turk enfatizou que os eventos climáticos extremos, sejam repentinos ou graduais, estão “destruindo plantações, rebanhos, pescas e ecossistemas inteiros.”
Um planeta “irreconhecível”
Ele lembrou que mais de 828 milhões de pessoas passaram fome em 2021. E, agora, a crise climática pode colocar 80 milhões de pessoas a mais em risco de fome até a metade deste século.
Turk conta que, atualmente, os impactos são mais sentidos por pequenos agricultores e pessoas na África Subsaariana, na Ásia e na América Latina. Ele disse que com a aceleração do aquecimento esses impactos irão se espalhar e “nenhum país será poupado.”
O alto comissário fez um apelo para que as crianças não recebam “um futuro de fome e sofrimento”.
De acordo com ele, a geração atual dispõe das “ferramentas tecnológicas mais poderosas da história” para impedir o aquecimento do planeta em níveis que podem tornar a comida, a água e a vida humana “irreconhecíveis”.
Ponto de virada
O alto comissário pediu que a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP 28, seja o “ponto de virada que o mundo tanto precisa.” Ele também destacou o papel dos tribunais que atuam em litígios climáticos em fazer com que empresas e governos respondam por seus atos.
Em mensagem para outro evento, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou que a ciência afirma ainda ser possível limitar o aumento da temperatura global a 1,5C°.